Hospitais universitários deixam de atender 60 mil pacientes em SP devido à falta de verba
O Hospital São
Paulo, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e o Hospital
Universitário da USP deixaram de receber 60 mil pacientes no primeiro semestre
deste ano devido à falta de verbas, segundo informou o SP2 nesta segunda-feira
(10).
No
pronto-socorro da Unifesp 42 mil pessoas ficaram sem atendimento só entre março
e junho. Já no Hospital da USP foram menos 18 mil que não puderam ser atendidos
entre janeiro e abril.
O hospital da
Universidade de São Paulo teve 50 leitos desativados, o que reduziu em 25% a
capacidade de internação. Com isso, o pronto-socorro, que deveria ser um lugar
de passagem, acaba recebendo pacientes que precisam permanecer lá por mais de
24 horas.
A reportagem do
SP1 registrou imagens que mostram que os pacientes dividem o mesmo espaço, seja
qual for o estado de saúde. Não há nenhuma proteção ou divisão entre as macas e
muitos ficam lá por dias, até mesmo os que já poderiam ser transferidos pra
internação. Enquanto isso, camas e macas dos leitos lotam quartos que não estão
sendo utilizados. O lugar que deveria receber pacientes virou um depósito.
De acordo com o
Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp), isso ocorre por falta de pessoal.
A entidade diz que 200 profissionais foram demitidos nos últimos três anos.
“Cerca de 50 leitos do hospital que hoje poderiam estar à disposição da
comunidade pra internação, pros procedimentos médico-hospitalares, infelizmente
encontram-se bloqueados e indisponíveis”, disse Gerson Salvador, diretor do
Simesp.
O orçamento do
Hospital da USP diminuiu de R$ 286 milhões no ano passado para R$ 263 milhões
neste ano, uma redução de 25%. A USP não se manifestou sobre o caso.
Hospital da
Unifesp
Também com
menos dinheiro, o Hospital São Paulo, da Unifesp, precisou fazer o mesmo que o
da USP: atender somente casos de urgência e emergência. Neste ano, o governo
federal suspendeu o repasse de R$ 18 milhões do hospital. A verba representa
quase metade do orçamento da entidade, que também recebe recursos do SUS, do
estado e do Ministério da Educação, por ser um hospital universitário.
O superintendente
diz que o hospital poderia internar até 753 pacientes, mas só está recebendo a
metade porque não tem dinheiro para comprar insumos. “Eu tenho capacidade
instalada, tenho profissionais para atender, e eu não estou atendendo porque eu
não tenho orçamento para comprar o remédio, para comprar a gaze, para comprar
seringa para atender o doente”, disse José Roberto Ferraro, superintendente do
hospital.
O Ministério da
Saúde disse que repassa R$ 53 milhões por ano ao hospital e que a unidade se
adequar ao orçamento.
Diante da
dificuldade, o pronto-socorro do Hospital São Paulo vai ganhar o reforço
temporário da prefeitura da capital. A Secretaria Municipal de Saúde decidiu
antecipar a contratação de equipe médica da futura Unidade de Pronto Atendimento
da Vila Mariana, e assim retomar o atendimento no pronto-socorro do Hospital
São Paulo.
Fonte : G1
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