Startups brasileiras selecionadas pela ABIQUIFI e Apex-Brasil mostrarão tecnologias de ponta na Bio Digital
Novas
moléculas e soluções para tratamento de câncer estão entre as principais
inovações das empresas, que terão a oportunidade de buscar investidores para as
suas pesquisas no maior evento mundial de biotecnologia
Um dos
tipos de câncer de mama mais agressivos, o triplo-negativo responde por até 20%
dos casos e acomete mulheres mais jovens, geralmente na faixa dos 40 anos. Em
torno de 300 mil mulheres descobrem, todos os anos, que têm essa variante de
câncer de mama, o qual pode levar à morte entre 30% e 40% das pacientes em um
prazo de cinco anos. A molécula está sendo desenvolvida pela startup PHP
Biotech, de Botucatu (SP).
Outra
nova molécula, desta vez baseada na tecnologia de aptâmeros, está sendo
desenvolvida para entregar radioterapia, quimioterapia e imunoterapia em
células cancerosas personalizadamente, aumentando a eficácia e reduzindo
consideravelmente os custos de tratamentos com as terapias mais modernas, como
as genética e celular, que podem custar até US$ 1 milhão. Ela está sendo
desenvolvida pela Bioptamers, startup incubada na USP (Universidade de São
Paulo), na capital paulista.
Um novo
software, muito mais viável economicamente em comparação às cinco empresas que
têm tecnologias similares no mundo. Ele calcula os locais exatos e as doses
certas de radiação em pacientes com câncer que precisam fazer radioterapia para
combater a doença, mas que sofrem com processos tradicionais, em que as células
boas também são destruídas. A tecnologia já está presente em seis hospitais
brasileiros e foi desenvolvida pela startup RT Medical Systems, de
Florianópolis (SC).
“Todas
estas startups têm em comum a busca incessante por investimentos para
continuarem a desenvolver suas pesquisas e disponibilizar essas tecnologias de
ponta que podem vir a tratar, melhor: salvar milhões de vidas de pacientes
oncológicos; ou ampliar o acesso da população às suas tecnologias, como é o caso
do software que já está sendo aplicado”, explica Norberto Prestes, Presidente
Executivo da ABIQUIFI (Associação Brasileira da Indústria de Insumos
Farmacêuticos).
Startups
na Bio Digital
PHP
Biotech, Bioptamers e RT Medical Systems estão entre as cinco startups mapeadas
pela BP&H (Brazilian Pharma & Health), em parceria com a Biominas, para
apresentar suas inovações tecnológicas na BIO Digital 2021 – versão da BIO
International Convention, maior evento de biotecnologia do mundo, que passou a
ser on-line em 2020 por conta das restrições impostas pelas medidas sanitárias
preventivas contra a covid-19. A BIO Digital será realizada nos dias 10-11 e 14
a 18 de junho.
A
GlucoGear, de Ribeirão Preto (SP), e a Gntech Exames, de Florianópolis (SC),
completam o time das TOP 5. A GlucoGear desenvolveu aplicativo e plataforma com
uso de inteligência artificial para que pacientes com diabetes possam manter
sob controle a doença, uma das mais fatais e que mais afetam o ser humano –
somente no Brasil são mais de 13 milhões de pessoas com diabetes, estima a
Sociedade Brasileira de Diabetes.
A
tecnologia permite o registro diário de índices glicêmicos, cálculo de doses de
insulina necessárias aos pacientes, contagem de carboidratos nas dietas
nutricionais e ações preventivas, entre outros benefícios, personalizadamente,
como o envio também de relatórios aos médicos.
Já a
GnTech é um laboratório de genética e bioinformática que desenvolve testes
farmacogenéticos capazes de tornar os tratamentos médicos mais eficazes e baratos,
a partir de prescrições personalizadas, portanto mais assertivas, de terapias
para pacientes com doenças neurológicas, cardíacas, oncológicas e
psiquiátricas. Os testes farmacogenéticos mostram como o organismo responde a
determinados medicamentos e substâncias e porque muitas pessoas em tratamento
não respondem bem às terapias.
Esta
será a primeira vez que estas startups apresentarão suas inovação na BIO.
BP&H:
parceria ABIQUIFI-Apex
BP&H
é projeto desenvolvido pela ABIQUIFI, em parceria com a Apex-Brasil,
direcionado às empresas farmoquímicas, farmacêuticas e biotecnológicas
brasileiras. Sua finalidade é capacitar as participantes para
internacionalização e aumento das exportações, bem como atrair investimentos
externos.
“A BIO
Digital é a principal vitrine do mercado de saúde para pesquisadores, empresas,
startups e até para governos que investem em ciências. E já levamos mais de 150
empresas de todos os portes para expor suas inovações na BIO, desde 2015,
quando iniciamos nossa participação na convenção com o Pavilhão Brasileiro”,
diz Prestes.
Para
Moacyr Bighetti, participar da BIO é uma grande oportunidade. “É onde se pode
buscar investimentos e fazer acordos para levar as pesquisas adiante”, afirma o
CEO da PHP Biotech, que há mais de 15 anos investe no desenvolvimento da
3-NAntC, a molécula candidata a desenvolver um tratamento para o câncer de mama
triplo-negativo.
Erika
Molina, CEO da Bioptamers, que desenvolve a tecnologia que está em estágio mais
inicial, quando comparada a das outras startups selecionadas pelo BP&H,
também confirma que a apresentação será, realmente, uma grande chance de atrair
investidores para a continuidade das pesquisas.
“É uma
porta aberta para que as empresas nacionais que estão fazendo ciência consigam
mais recursos e desenvolvam seus projetos. Nós queremos captar investimentos
para levar a nossa tecnologia às populações de países similares ao Brasil, na
América Latina, sudeste asiático, entre outras regiões”, diz Carlos Queiroz,
CEO da RT Medical Systems, cuja tecnologia chegou ao mercado brasileiro em 2019
e já beneficiou mais de 2.000 pacientes.
Em busca
de investimentos
“Estamos
em busca de investidores, pois estamos abrindo uma rodada de investimento para
avançar em desenvolvimento de produto, patentes, estudos clínicos, tração
comercial inicial e internacionalização”, afirma Yuri Matsumoto, o CEO da
GlucoGear, que lançou a tecnologia recentemente no mercado brasileiro.
Além do
desenvolvimento de testes para outras especialidades médicas, a GnTech planeja
tornar os exames farmacogenéticos mais conhecidos no Brasil, ampliar seu banco
de dados e produzir pesquisas clínicas que mostrem como são essenciais na
assistência aos tratamentos, reduzindo custos, melhorando a qualidade de vida
de pacientes e salvando vidas, explica Guido Boabaid May, CEO da startup.
“Buscamos
recursos para expansão, para levar a empresa à próxima etapa, abrindo novos
mercados; mas também para levar às pessoas, planos de saúde e governos a
importância do custo-efetividade desses testes nos tratamentos”, diz May, que
já investiu mais de R$ 15 milhões na GnTech e calcula que serão necessários
mais US$ 7 milhões para colocar em prática esses planos. A GnTech já esteve
incubada na USP e inaugurou laboratório próprio no final de 2020.
A
startup comandada por Erika foi criada no início de 2019, dias após a cientista
concluir seu doutorado na USP, com investimentos de US$ 130 mil, oriundos de
venture capital americana. “Agora, será necessário captar mais cerca de US$ 1
milhão para suportar a fase de desenvolvimento pré-clínico da terapia”, observa
Erika. “Esta fase é a que evidencia se as terapias são seguras em organismos
vivos, e antecede os testes com humanos, que exigem investimentos ainda mais
altos”, explica Erika.
No
desenvolvimento da 3-NAntC, a PHP Biotech já investiu mais de US$ 1 milhão com
recursos próprios, na maior parte, e subsídios de instituto de pesquisas. A
molécula já está em fase inicial de estudos pré-clínicos e a startup busca US$
1 milhão com investidores privados para a etapa em curso, além de também já
buscar investimentos ou parceria com laboratórios para os estudos com humanos,
previstos para começar dentro de dois anos.
Para
desenvolver o software, a RT Medical recebeu investimento de cerca de R$ 1
milhão, a maior parte oriunda do Sebrae Nacional. Mas precisa de mais recursos
para ampliar equipes e soluções, a fim de expandir o acesso à sua tecnologia,
principalmente no mercado internacional.
Conforme
Queiroz, atualmente cinco empresas no mundo tem tecnologia similar à
desenvolvida em Florianópolis, que custam entre US$ 100 mil e US$ 500 mil por
mês para cada usuário. Bastante competitiva, a da RT Medical implantada nos
hospitais brasileiros, a maioria público, custa em média R$ 10 mil mensais, por
organização.
Mercado
de biotecnologia
A
biotecnologia e as soluções digitais têm sido consideradas cada vez mais as
principais ferramentas para o desenvolvimento de terapias mais eficazes no
combate às doenças e para ampliar o acesso à saúde. Estudo do BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) revela que, atualmente, mais de
40% dos medicamentos em desenvolvimento no mundo podem ser classificados como
biofármacos.
São eles
que estão impulsionando a indústria farmacêutica e já representam mais de 20%
das vendas do setor. Levantamento da Fior Markers aponta que o mercado global
de biotecnologia pode ultrapassar o valor de US$ 830 bilhões em 2027, com
expansão anual superior a 7%. Potencial que tem sido reconhecido pelos
investidores, especialmente após o início da pandemia, quando ações de empresas
de biotecnologia bateram recordes de alta.
Especialistas
do mercado financeiro avaliam que as helthtechs, startups da área de saúde,
podem receber quatro vezes mais investimentos neste ano, em comparação a 2020.
Segundo pesquisa do Profissão Biotec, realizada com apoio da Biominas, existem
537 empresas de biotecnologia e ciências da vida no Brasil. Destas, 154 são
startups.
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