Alckmin avalia nova licitação em 'linha das universidades' do metrô de SP
O governo Geraldo Alckmin (PSDB)
já considera promover uma nova licitação para levar adiante a construção e
operação da linha 6-laranja do metrô. As obras estão paradas, e as empresas
hoje responsáveis pela empreitada estão com dificuldades em obter empréstimos
de longo prazo.
Inicialmente prometido para
2020, esse ramal pretende ligar a periferia da zona norte ao centro de São
Paulo, com paradas próximas a diferentes universidades, interligações com duas
linhas de metrô (1-azul e 4-amarela) e outras duas da malha de trens (7-rubi e
8-diamante).
Há seis meses, no entanto, o
consórcio Move São Paulo, vencedor da licitação, anunciou a suspensão dos
trabalhos por falta de recursos. Formado por empresas do setor de construção
investigadas na Operação Lava Jato (Odebrecht, Queiroz Galvão e UTC
Engenharia), o consórcio enfrenta dificuldades para liberação de empréstimos
solicitados ao BNDES.
Agora, Estado e empresas
aguardam o dia 15 de junho –prazo final para que o banco federal se manifeste
sobre a aprovação dos R$ 5,5 bilhões solicitados pela Move São Paulo. Nesse
cenário, o prazo de entrega em 2020 já parece bastante improvável.
A construção da linha 6-laranja
foi a primeira PPP (parceria público privada) integral na área de transporte no
Estado. Nesse arranjo, as obras e posterior operação do ramal cabem à
iniciativa privada, mas o governo também faz aportes, necessários para as
desapropriações de imóveis, por exemplo. Até o momento, os gastos públicos com
o empreendimento alcançaram R$ 1,7 bilhão.
"Ou as empresas conseguem
garantias ou temos uma alternativa, que é relicitar. É ruim, é ruim, mas, se
precisarmos, vamos fazer", afirma à Folha Clodoaldo Pelissioni, secretário
de Transportes Metropolitanos.
Pelissioni diz que há diversos
interessados em assumir o contrato de concessão. "Já atendi grupo chinês,
francês, italiano, espanhol. Não temos impeditivo do lado do governo, tenho
todas as desapropriações pagas, tenho R$ 1,6 bilhão remanescentes e transferi
mais R$ 740 milhões para essa linha."
Apesar disso, o secretário
ressalta: "Espero que as negociações [do empréstimo da Move São Paulo]
andem bem e que as obras sejam retomadas depois de junho."
Em nota, o consórcio Move São
Paulo afirma que "neste momento trabalha com a expectativa de retomada das
atividades tão logo sejam superadas as condições que levaram à suspensão
temporária das obras". Mesmo questionado sobre o tema, o grupo não se
manifestou sobre a hipótese de nova licitação.
Segundo o consórcio, "a
suspensão das atividades se deveu a fatores combinados e alheios ao domínio da
concessionária, como a deterioração da economia, os atrasos na liberação de
áreas públicas por parte do poder concedente e mudanças nas exigências do
BNDES".
O responsável pela linha 6 diz
ainda que a implantação da linha avançou 15% até o momento e que estão mantidas
as atividades de desapropriação, manutenção e segurança das áreas que irão
receber as instalações da linha 6, bem como o recebimento e armazenamento dos
equipamentos, como tatuzões, e atendimentos à comunidade.
A concessionária, por fim,
afirma que "continua com os esforços para a obtenção do financiamento de
longo prazo junto ao BNDES e aguarda manifestação do governo do Estado de São
Paulo sobre o pedido de reequilíbrio da PPP de implantação da linha 6-laranja
de metrô".
Questionado sobre esse pedido de
reequilíbrio econômico-financeiro feito pela Move São Paulo, o secretário de
Transportes Metropolitanos afirma que isso "virou um mantra do
consórcio".
"Tivemos um problema de
financiamento, mas continuei pagando, com algum atraso, eles têm atraso também,
já tem seis meses de atraso de obras", rebate Pelissioni.
O secretário encerra o assunto:
"Agora, se rescindir o contrato, o reequilíbrio... Se ele não conseguir
nem retomar a obra, como o consórcio vai me dizer que eu atrapalhei o início da
operação comercial dele?"
Fonte: Folha de São Paulo
Fonte: Folha de São Paulo
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