Auxiliar de enfermagem corre risco de cassação

Mária de Fátima Custódio, que decepou um dedo mínimo da menina Tiffany, de 1 ano, poderá ser exonerada e impedida de exercer a profissão


A auxiliar de enfermagem Maria de Fátima Custódio, de 46 anos, que decepou no domingo parte de um dedo mínimo da menina Tiffany, de 1 ano, poderá ser demitida do cargo e cassada, ou seja, impedida de exercer a profissão. A decisão será tomada em três meses.


A profissional de saúde trabalhava há dez anos no Hospital Geral do Mandaqui, na Zona Norte de São Paulo, do qual já foi afastada. O presidente do Conselho Regional de Enfermagem, Cláudio Porto, disse nesta terça-feira que Maria de Fátima errou ao usar tesoura para tirar a bandagem da mão da menina, mas alertou para o curativo que tampava os dedos, impedindo a sua visualização.

"Vamos apurar quem fez a bandagem, porque pode ter sido mal feita".

A Secretaria Estadual de Saúde informou que Tiffany será examinada no Hospital das Clínicas nesta semana. Os pais dela, David Jefferson e Mônica de Oliveira, deram entrevista nesta terça-feira à tarde ao programa A Tarde é Sua, de Sonia Abrão, na Rede TV. Os dois insistiram na necessidade da Justiça tomar uma providência rápida.

Para o secretário-geral do SindSaúde (Sindicato dos Trabalhadores da Saúde), Hélcio Marcelino, "nada justifica o que aconteceu". Na opinião dele, contudo, Maria de Fátima não é a única culpada. "Ela jamais foi acusada por procedimento irregular. Estava com três auxiliares num pronto-socorro lotado e trabalhava há 18 horas".

Recursos
O Tribunal de Justiça de São Paulo julgou 20 mil casos envolvendo erros médicos desde 1997. O desembargador Carlos Teixeira Leite considera que, no caso de Tiffany, a menina poderá ser indenizada por danos morais de natureza estética, cujo valor dependerá do contexto sócio-econômico e deverá ficar em caderneta de poupança até ela completar 18 anos. Os pais da pequena também poderão ser indenizados por danos morais.

O Conselho Regional de Medicina julgou mil casos em 2008 e 2009. Do total, 156 médicos receberam censura pública, 38 foram suspensos por 30 dias e 16 acabaram cassados. Diretor da entidade, Mauro Aranha diz que o número de casos julgados é crescente. "A população está consciente dos seus direitos e a qualidade dos cursos de medicina caiu".

Aranha é contra a abertura de novos cursos. "Os alunos deveriam ser avaliados por instituições independentes antes de exercer a profissão". O presidente do Sindicato dos Médicos de São Paulo, Cid Carvalhaes, aponta que serviços de urgência, como o que atendeu Tiffany, têm excesso de demanda. Ele defende o fechamento de cursos de medicina por falta de "qualidade suficiente."

Mais de 50% dos erros são comprovados
A Defensoria Pública (que atende pessoas com renda de até três salários mínimos) recebe cerca de 200 reclamações por erro médico. De acordo com o defensor público Luiz Rascovski mais da metade dos casos são comprovados e as indenizações mais simples variam de R$ 10 mil a R$ 30 mil.

52 cidades do estado têm Defensorias Públicas em funcionamento hoje

80% de casos não urgentes
Segundo Cid Carvalhes, presidente do Sindicato dos Médicos, mais de 80% dos pacientes que lotam hospitais deveriam ir para ambulatórios, "Faz 20 anos que o SUS prevê a hierarquização do atendimento."

Fonte: Diário de São Paulo - SP
Ivo Patarra

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