Trios elétricos podem levar à surdez

Som potente ultrapassa 120 decibéis. Mais de sete minutos por dia de exposição a este ruído pode causar danos irreversíveis à audição


Pular carnaval atrás dos trios elétricos pode causar prejuízos irreversíveis à audição, alerta a fonoaudióloga da Audibel - empresa de aparelhos auditivos - Sandra Braga. Isso porque o ouvido humano suporta normalmente até 85 (dB), mas o som potente que sai das caixas de som ultrapassa os 120 decibéis (dB), mesma intensidade de um avião em decolagem e nível de ruído a que uma pessoa não pode ficar exposta por mais de sete minutos ao dia. “Do contrário, os danos podem ser até irreversíveis.” Tomar cuidado é importante para evitar que mais casos de perdas auditivas, zumbidos, e surdez aumentem nesta época do ano, como já é comum, segundo dados da Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia (SBOL).
A exposição a ruído é uma das causas mais comuns de deficiência auditiva. Uma lesão por ruído pode acontecer após um som de breve duração, porém intenso (explosão) ou devido à exposição regular a ruídos ao longo do tempo. Geralmente ela fere células do ouvido responsáveis pelas frequências altas e pelo entendimento da fala. Além disso, dependendo do período de exposição, sons de intensidades superiores a 85 decibéis podem comprometer a capacidade auditiva para sons ambientais e ainda causar o zumbido - sensação de chiado ou apito constante no ouvido - que não tem cura e atinge cerca de 278 milhões de pessoas em todo o mundo, sendo 28 milhões só no Brasil.
Este foi o caso do jovem João Paulo de Morais Batista, 23 anos, estudante de engenharia de Sorocaba, cidade do interior de São Paulo. Após comemorar o Carnaval de 2009 com a família atrás dos trios elétricos, o jovem percebeu que algo incomodava o ouvido esquerdo. Com o tempo, uma dificuldade auditiva começou a aparecer. Mesmo assim, João acreditou que eram sintomas passageiros. “Só em 2010, um ano depois daquele carnaval, procurei um médico e descobri que precisava de aparelho auditivo”, conta. O resultado foi imediato: melhorou a capacidade de ouvir e pôs fim ao desagradável zumbido. “A adaptação foi fácil, em uma semana estava tudo certo. Consigo fazer todas as minhas atividades e minha qualidade de vida melhorou bastante.”
Para evitar histórias como a de João e curtir a festa sem comprometer a saúde auditiva é preciso ter cautela e saber se proteger. “Hoje, existem tampões de silicone e protetores auriculares com filtros que deixam passar o som da fala e reduzem a entrada de ruídos”, explica Sandra. Os tampões podem ser mais efetivos quando confeccionados a partir de uma pré-moldagem personalizada, de forma a bloquear o canal auditivo e reduzir a intensidade sonora. Vale ressaltar que este tampão precisa ser refeito e tempos em tempos, sempre que houver necessidade (Ex: alteração da anatomia do canal auditivo devido ao crescimento, cirurgia etc.)
Atualmente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera a poluição sonora a terceira maior do meio ambiente. Algumas pesquisas ainda mostram que o ruído fora de controle constitui um dos agentes mais nocivos à saúde humana, causando perda da audição, zumbido, distúrbios do labirinto, ansiedade, nervosismo, hipertensão arterial, gastrites, úlceras e até impotência sexual.

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