Cal “não conforme” não aglomera


A cal é um composto aglomerante obtido da decomposição térmica da rocha calcária, comumente conhecida por seu uso na fabricação de argamassas para construção civil, embora esteja também presente em diversos setores industriais. A cal é essencial na produção do aço, do papel e celulose; na indústria alimentícia; na agricultura; no tratamento de água para abastecimento público;, na indústria química etc., o que demonstra a notável versatilidade desse produto.
Na construção civil, a cal desempenha um papel vital para garantir a durabilidade das argamassas e a longevidade das construções. Isso porque, além de facilitar o trabalho do pedreiro - dando a popular “liga” à argamassa fresca - a cal tem a função primordial de aglomerar os grãos de areia durante o processo de endurecimento do revestimento, desempenhando papel semelhante ao do cimento. A importância da cal é comprovada desde a mais remota antiguidade, quando era o único aglomerante disponível para a produção das argamassas, já que o cimento só foi inventado em 1824.
Mas, para garantir uma edificação com real qualidade para moradia e uso, a cal usada na argamassa deve atender aos padrões especificados na norma brasileira ABNT NBR 7175. Essa norma define a pureza mínima aceitável para o produto, os requisitos químicos a atender no processo de produção e as propriedades físicas necessárias à garantia do bom desempenho do produto.
A utilização de produtos não conformes à norma pode causar grandes problemas em uma obra. Não conformidades podem ser decorrentes de falhas no processo de produção da cal, do uso de matérias primas deficientes ou até mesmo da adulteração deliberada do produto. Ainda existem no Brasil produtores que misturam impurezas à cal, visando ganhos comerciais, comprometendo o poder aglomerante do produto e seu desempenho nas argamassas.
Há também os que comercializam outros compostos como se fossem cal, ou seja, vendendo gato por lebre. Não é incomum ensacadores de filito – uma espécie de argila moída – venderem seus produtos abusando de denominações comerciais que utilizam a expressão “cal” na marca, com o propósito de enganar o consumidor. Os filitos, porém, não têm nenhum poder aglomerante, e o uso em substituição à cal pode resultar na deterioração precoce dos revestimentos, no seu esfarelamento, aparecimento de fissuras, desplacamento, surgimento de fungos e outras patologias que encarecem a manutenção ao longo da vida útil do edifício e criam a necessidade de intervenções para recomposição da obra.
Em muitos casos, o usuário da edificação acaba crendo que os problemas que surgem são decorrentes de falhas de execução da obra, ou da presença de umidade, ou ainda infiltrações, sem saber que sua verdadeira origem pode estar no uso de produto não conforme na argamassa de revestimento.
Para combater esses problemas e assegurar que as edificações sejam feitas nos padrões de qualidade desejados, desde 1995 a ABPC mantém o Programa Setorial da Qualidade da Cal para Construção Civil (PSQ da Cal), com a proposta de garantir ao usuário final da edificação produtos que atendam às normas técnicas brasileiras, em respeito aos direitos do consumidor previstos no Código Brasileiro de Defesa do Consumidor. O PSQ da Cal integra o Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat - PBQP-H, do Ministério das Cidades.
Para a entidade, uma boa argamassa, além de ser dosada com as proporções de cal, cimento e areia recomendadas para cada tipo de aplicação, deve ser composta de materiais com padrões de qualidade comprovados, assegurados pela qualificação conferida pelo PSQ.
Gostaríamos de sugerir pauta abordando o uso de produto conforme e que tipo de problemas um produto de má qualidade pode causar para o consumidor. Dependendo da dosagem utilizada, a cal representa entre 15% e 20% do valor da argamassa, que por sua vez não representa mais que 8% do valor total da obra. Assim, o impacto do custo da cal numa obra é pouco mais de 1%, daí a razão de se preocupar em adquirir um produto de qualidade, pois não vale a pena arriscar a durabilidade da edificação com produtos de qualidade duvidosa.

Sobre a ABPC – Com mais de 50 anos, a Associação Brasileira dos Produtores de Cal reúne as principais empresas do setor, e tem como missão difundir o uso da cal para os mais diversos setores e também zelar pelas melhores práticas na produção da cal.
De toda a produção de cal (virgem e hidratada) no País, os associados da ABPC são responsáveis por mais da metade das 7,4 milhões de toneladas geradas anualmente (dados de 2008), sendo que a produção industrial siderúrgica absorve 34% de todo o produto, seguida pela construção civil com 31%. A entidade promove pesquisas científicas e tecnológicas, de modo a manter atuais e ambientalmente seguros os processos de fabricação do produto. Além disso, mantém desde 1995 o PSQ da Cal Hidratada e criou em 2009 o Selo ABPC de Responsabilidade Socioambiental.

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